21 de jan. de 2011

Hera - Estudando as Deusas Gregas e seu correspondente simbólico no inconsciente feminino

Hera: A representação do poder, estabilidade e manutenção.
                                                        
  (por: Miliane Tahira)

Mitologia:

Rainha do Olimpo, por ser esposa de Zeus e ajudá-lo a governar os outros Deuses, Hera é uma Deusa extremamente respeitada, mas nem sempre muito entendida...
No hino de Homero, por exemplo, é retratada como uma esposa ciumenta e intriguenta...
Isso provém do fato de Zeus ter tido inúmeros relacionamentos amorosos, com Deusas e mortais, constituindo inclusive proles fora do matrimônio sagrado.
O único Deus oriundo deste casamento oficial foi Ares, Deus da guerra.

Representação simbólica e retratação sociológica:
-Reconhecendo Hera em si...

Como reconhecer a simbologia desta Deusa dentro e fora de si mesmo?
Todos os seres humanos tem dentro de si o potencial de ”poder”, o reconhecimento legítimo de que a capacidade de se colocar diante de tudo e todos de forma auto confiante é perfeitamente possível.
Embora na mitologia Hera revelasse um casamento infeliz, a mulher sob este arquétipo é por demasia esposa, muitas vezes em detrimento das outras funções; é comum encontrar mulheres regidas por essa Deusa em comitês de planejamento, recepções, ou qualquer ambiente em que prevaleça o status...

O modelo de parceiro buscado por elas é de homens cuja posição social elas possam se orgulhar e ajuda-los a ter cada vez mais ascensão, sentindo-se mais confortável em círculos sociais em que prevaleçam sua posição de dignidade!  Embora adore encontros familiares onde esteja rodeada por filhos e netos, o amor destes é secundário, exigindo, entretanto, respeito e reverência.

Mulheres com esta postura não precisam necessariamente nascer em famílias nobres para essa vivência hierarquizada e aristocrática, mesmo sendo originária de família humilde estará sempre no comando!

Sociologicamente, Hera representa o modelo de família patriarcal: Zeus é o pai, o chefe e provedor, vivendo conflitos constantes com sua esposa.

Segundo Themis, em A study of origins of greek religion, “Zeus abandona a verdadeira esposa-sombra, Dione(uma titanesa), (...) , em Olímpia, casa-se com Hera, uma filha do lugar. No Olimpo, Hera parece ser apenas uma esposa ciumenta e briguenta. Na realidade, ela reflete a turbulenta princesa nativa, coagida mas nunca realmente subjugada, por um conquistador estrangeiro.”

Nossa estrutura de casamento moderno ainda permanece bem semelhante à retratada no Olimpo por esses Deuses. Para o cristianismo, o casamento é considerado um sacramento cujo maior objetivo é a procriação de filhos, permanecendo patrilinear.

A idéia do amor romântico vem com os trovadores e com o culto do amor cortesão.
Vemos, portanto, a necessidade de uma integração de Afrodite (Deusa do amor) com Hera, pois trás a dimensão da vivência sexual/erótica do casamento, pois enquanto Hera cuida da estabilidade, a Deusa do Amor e da Beleza cuida do aspecto criativo capaz de manter a chama da paixão e do conhecimento mútuo tão necessários em uma relação.

Percebemos como uma Deusa precisa da outra, ou melhor, quanto é necessário que o mundo feminino seja dotado de todos os aspectos em equilíbrio para uma vivência plena:

Com Hera aprendemos a manter as coisas importantes na nossa vida, o princípio da união e a manifestação e aceitação do poder de si e do outro.
Com Afrodite aprendemos amar e mergulhar no processo criativo dentro de nós e para o outro,
Com Deméter aprendemos a cuidar, acalentar, a doar incondicionalmente para os nossos filhos reais ou simbólicos...
Com Atena aprendemos a ser justas, trabalhar e cobrar a justiça entre todos os seres, aprendemos a pensar e tomar decisões calcadas em análises...
Com Ártemis aprendemos a nos conectar com os nossos instintos, com a natureza dentro e fora de nós, a aceitar a liberdade natural, o ciclo das coisas vivas...
Com Perséfone aprendemos à arte da receptividade, a espontaneidade de uma criança e o mergulho interior que nos faz crescer, mesmo que através da dor...
E com Héstia aprendemos sobre a nossa espiritualidade, sobre o fogo sagrado e o princípio do Universo,

Finalmente com a dança do ventre aprendemos a fazer todas as Deusas dançarem a dança da integração, aprendemos que ser mulher é um dom divino e por esse princípio sagrado reconhecemos a beleza singular de cada uma das obras de arte representada por cada ser feminino.

A mulher é um receptáculo sagrado, seja de um novo ser, de idéias, de projetos, de sabedoria espiritual, de virtudes...

Ser mulher é doar-se na vida e para a mesma como serva e autora em todas as suas formas...


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