20 de jan. de 2011

Perséfone -Estudando as Deusas Gregas e seu correspondente simbólico no Inconsciente feminino

PERSÉFONE: A FILHA, A JOVEM, A GUIA
Por: Miliane Tahira


A mulher tipo Perséfone é envolta em uma aura de mistério e revela uma profunda ambivalência em relação ao mundo – simpática e juvenil; guardando, entretanto, uma profunda interiorização.
 Perséfone faz adentrar novos domínios da consciência psíquica.
 A palavra que poderia ser usada para definir tal Deusa seria: Receptividade; por isso seu caráter condutor de guia ao reino do inconsciente, mas ao mesmo tempo de sugestionabilidade.
 Para os gregos, ela era a rainha que vigiava as almas dos falecidos, mas também a jovem donzela que foi seqüestrada por Hades (Deus do Inferno), sendo levada de sua mãe Deméter.
 Mulheres com este arquétipo gostam de ficar sozinhas, tendo necessidade de isolamento. Possuem fragilidade de ego, dificuldades com método, tendendo, muitas vezes, à depressão, ou mesmo à alienação. Vivem e agem em dois mundos difíceis: o mundo frio e imprevisível do inconsciente, e o alienante mundo real.A vocação estará direcionada a escritos, pinturas, meditações, ocultismo, espiritualismo, terapias, astrologia, tarô, etc.
 A extrema identificação com essa Deusa em detrimento das demais, conduz a mulher a situações repetidas em que ela ou alguém acaba saindo machucado, pois se coloca em situação de impotência ou excessiva passividade.
 Em linguagem Freudiana, haveria “uma compulsão à repetição”.
 “Os fenômenos passam agora a serem vistos não apenas pelos olhos de Eros, da vida humana e do amor, mas também através de tânatos (...) e das profundezas (...) desvinculadas da vida”.
 O amadurecimento de Perséfone consiste em sair do papel de “vítima”, de inocente, aquela eterna menina que procura um salvador ou um príncipe encantado”, para um encontro consigo mesma através da “descida” ao mundo avernal, reconhecendo o seu caminho e o seu percurso não apenas como “destino”, mas como conduta em que ela provoca e se vê, percebendo-se e se transformando à medida que trilha o caminho do auto-conhecimento.
 Só assim ela é capaz de sair de uma natureza dúbia – integrando aspectos adormecidos da sua personalidade que lhe dariam sustentação do ego.
 Mais uma vez, percebe-se a necessidade de integração e convivência entre esses arquétipos, vistos através das Deusas, no inconsciente humano. A vivência unilateral gera doenças psíquicas, enquanto a integração promove o amor próprio e a possibilidade de expansão desse amor para tudo o mais à sua volta.
 O mito de Perséfone representa a relação entre as dualidades: superior e inferior – luz e trevas. Relação dinâmica que revela o ciclo da vida e da morte.
 Quando a Igreja fez sua “caça as bruxas”, ela também suprimiu a antiga sabedoria da Deusa, dando ligar aos temores e aniquilando o respeito.
 Dessa forma aparece a serpente má e a mulher que é frágil, sugestionável e induzida a comer a maçã.Assim, a mulher deixa de ser vista como guia, passando a representar uma costela, revelando duas facetas depreciativas: ou frágil, ou tentadora.

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